domingo, 19 de outubro de 2014

Água


Seca afeta abastecimento de água de 11 cidades da região de Uberlândia

Com a falta de chuvas, 11 das 66 cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba enfrentam problemas na distribuição de água. O número representa 16,6% dos municípios da região. A maioria deles está restringindo o abastecimento dos imóveis a parte do dia. Outros estão em sistema de rodízio, quando setores da cidade recebem água e outros fica sem. Com a pior seca desde 1963, de acordo com dados do Climatempo, algumas cidades ainda precisaram buscar uma segunda opção de captação para conseguir abastecer a população. E Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba, decretou, em setembro, estado de calamidade pública.
Em Arapuá, cidade de cerca de 3 mil habitantes, no Alto Paranaíba, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) local, o abastecimento está regrado. A distribuição de água para a população é feita durante a madrugada e, durante o dia, o registro fica fechado para encher os reservatórios. Situação parecida, com abastecimento restrito a parte do dia, acontece em Pratinha, município com quase 3,5 mil habitantes também no Alto Paranaíba. “À noite, fechamos o registro para o reservatório encher. Ainda assim, o reservatório está apenas com 50%, estamos com dificuldades. Nas casas está chegando menos água e com menos pressão”, disse o diretor do Departamento de Obra e Meio Ambiente de Pratinha, Raul Roberto Silva.
Seca afeta abastecimento de água de 11 cidades da região de Uberlândia
Com a escassez de água, reservatório de Mumbuca não está abastecendo Monte Carmelo
(Foto: Cleiton Borges)
Com quase 48 mil habitantes, Monte Carmelo também enfrenta problemas na distribuição de água. A cidade é abastecida por 30 poços artesianos, que estão com nível abaixo do normal, e por dois reservatórios: Santa Bárbara, que está com 60% da capacidade, e Mumbuca, que não está fornecendo água para a população desde segunda-feira (13). O município está com 30% da capacidade de abastecimento.
“Na sexta-feira (10), Mumbuca bombeou um milhão de litros de água. Na segunda não tinha mais o que distribuir. O reservatório não conseguia repor o volume que era retirado. O que sobrou no reservatório de Mumbuca estamos deixando para emergências no hospital ou em escolas”, afirmou o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Monte Carmelo, Hamilton Mendes de Souza. “Santa Bárbara e os poços é que estão abastecendo a cidade e as comunidades rurais e faz os cidadãos ainda terem água na torneira”, disse.
Segundo Souza, a autarquia está fiscalizando e notificando o desperdício de água, além de multar em R$ 627 a reincidência. “Queremos inibir mesmo o desperdício, e a população tem nos ajudado e está consciente dessa necessidade. Não estamos mais em uma fase de só deixar de desperdiçar, estamos em momento de economizar”, afirmou.
Ituiutaba e Lagoa Formosa têm as piores situações
No Triângulo Mineiro, Ituiutaba, com 102,6 mil habitantes, e no Alto Paranaíba, Lagoa Formosa, com 18 mil moradores, registram as piores situações da região. Para reforçar o abastecimento, a Superintendência de Água e Esgoto (SAE) de Ituiutaba precisou acionar o sistema de captação do rio Tijuco no dia 13 de setembro, no qual já foram registrados problemas. O sistema foi inaugurado em 2002, ficou em funcionamento por 10 dias para testes e, desde então, nunca mais foi necessária sua ligação. A captação na cidade também ocorre no ribeirão São Lourenço, que está com cerca de 50% da capacidade.
Seca afeta abastecimento de água de 11 cidades da região de Uberlândia
Hamilton de Souza disse que reservatório de Santa Bárbara e os poços abastecem Monte Carmelo (Foto: Cleiton Borges)
“Na terça-feira (14), amanhecemos com uma baixa grande no rio Tijuco, de forma que não conseguíamos captar. Entramos em contato com a Cemig, que administra a barragem Salto de Moraes, onde é o nosso ponto de captação, e eles se dispuseram a reduzir a geração de energia, dentro do possível, para conseguirmos elevar o represamento e abastecer a cidade”, disse o gerente de operações da SAE, Carlos Humberto Franco.
Já Lagoa Formosa decretou racionamento e estado de calamidade pública por causa da falta de água na cidade, segundo o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Elson de Morais. “Por causa do racionamento, estamos abastecendo a cidade das 18h às 6h. Durante o dia não há abastecimento. É feita reserva de água no reservatório para conseguirmos bombear à noite”, afirmou.
4 locais já precisaram fazer rodízio
Quatro cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba já precisaram fazer rodízio na distribuição de água. Rio Paranaíba, município de 12,3 mil habitantes no Alto Paranaíba, captava água no rio homônimo e precisou recorrer a uma segunda opção para reforçar o abastecimento da cidade. Passou a captar na barragem do afluente do ribeirão Olhos d’Água, e, enquanto as obras eram feitas, a cidade passou por rodízio de água. Atualmente, segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que opera na cidade, o abastecimento em Rio Paranaíba está normalizado desde o dia 17 de setembro.
Seca afeta abastecimento de água de 11 cidades da região de Uberlândia
Captação de Ituiutaba está com baixo nível de represamento
(Foto: Divulgação)
Além disso, a distribuição de água em Campos Altos (15 mil habitantes), Capinópolis (16 mil moradores) e Prata (27,3 mil pessoas) também ocorre por rodízio. Assim, os registros dos reservatórios de parte destas cidades são fechados para abastecer outros setores. Em nota, a Copasa, responsável pelo abastecimento nos três municípios, informou que o longo período de estiagem vem reduzindo o nível dos córregos Engenho da Serra, do Capim e do Sidinei, que abastecem, respectivamente, estes municípios.
A Copasa informou ainda que, para garantir o abastecimento de todos os bairros das cidades, inclusive dos imóveis nas partes mais altas, a companhia tem feito manobras operacionais (rodízio) nos sistemas.
Uberlândia e Uberaba também passam por problemas
As duas maiores cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Uberlândia e Uberaba, também passam por problemas na distribuição de água. Uberlândia, com 655 mil habitantes, adotou no último mês a distribuição racionada da água e diminuiu a produção das 6h às 10h com o objetivo de preservar o nível do canal de captação. Com a medida, houve redução da pressão de água durante o dia nos bairros das zonas leste e norte da cidade.
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) informou ainda não pensar em fazer um decreto para controlar de forma mais severa o uso da água com punições estabelecidas legalmente. Segundo o diretor-geral do Dmae de Uberlândia, Orlando Resende, ainda não houve necessidade de tomar a atitude, pois a população está colaborando. “É bom deixar claro que, se for preciso, podemos decretar racionamento”, afirmou. Agentes do Dmae verificam vazamentos e desperdício. Se preciso, abordam as pessoas para orientar sobre a situação de racionamento.
Seca afeta abastecimento de água de 11 cidades da região de Uberlândia
Uberlândia adotou medidas para melhorar o nível de captação
(Foto: Marcos Ribeiro)
E Uberaba, cidade com cerca de 320 mil habitantes, decretou estado de emergência no dia 16 de setembro para enfrentar a pior seca dos últimos anos. “A vazão do rio Uberabinha, principal manancial que abastece a cidade, está abaixo da metade no nível normal, mesmo contando com o sistema de transposição do rio Claro, que é acionado temporariamente no período da seca”, afirmou o presidente do Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (Codau), Luiz Guaritá Neto. “Por causa da baixa vazão, o Codau adotou um plano de recuperação dos dez Centros de Reservação, que consiste em fechar a distribuição até que o nível da água seja recuperado”, disse.
Saiba mais
Problemas de abastecimento nas cidades da região
Arapuá: Abastecimento regrado. O abastecimento é feito durante a madrugada e, durante o dia, o registro é fechado para encher o reservatório.
Campos Altos: Abastecimento em períodos pré-determinados. Uma espécie de rodízio. O registro de parte da cidade é fechado, para abastecer a outra parte.
Capinópolis: Abastecimento em períodos pré-determinados. Uma espécie de rodízio. O registro de parte da cidade é fechado, para abastecer a outra parte.
Ituiutaba: Capacidade de captação no ribeirão São Lourenço em 50%. Há cerca de um mês, começou captação no rio Tijuco, que teve baixa na última semana.
Lagoa Formosa: Decretado, em setembro, racionamento e estado de calamidade pública. Abastecimento das 18h às 6h e, durante o dia, não há distribuição de água.
Monte Carmelo: Operando com 30% da capacidade. Um dos reservatórios está sem produção e o outro, com nível mais de 50% abaixo do normal.
Prata: Abastecimento em períodos pré-determinados. Uma espécie de rodízio. O registro de parte da cidade é fechado, para abastecer a outra parte.
Pratinha: Nível de produção de água 50% menor. Abastece a cidade durante o dia e, à noite, a distribuição é interrompida para recompor o reservatório.
Rio Paranaíba: Precisou buscar segunda opção de captação de água. A cidade teve um período de rodízio no abastecimento de água, que já foi normalizado.
Uberaba: Decretou estado de emergência no dia 16 de setembro. Vazão do rio Uberabinha em declínio e abaixo da metade no nível normal.
Uberlândia: Adotou, no último mês, a distribuição racionada da água e diminuiu a produção das 6h às 10h com o objetivo de preservar o nível do canal de captação.
Previsão do tempo
A estiagem deve continuar até novembro, apesar de pancadas de chuvas previstas para os próximos dias, segundo o meteorologista do Climatempo Ruibran dos Reis
“Até segunda-feira (20), as temperaturas na região devem continuar elevadas fazendo 38º C em Uberlândia e 36º C em Patos de Minas. Terça-feira e quarta-feira deve haver apenas pancadas de chuva na região. Não há previsão de chuva para o restante do mês” – Ruibran dos Reis
Fonte: Jornal o Correio Uberlândia.

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